terça-feira, 5 de março de 2013

Mercado em geografia vai além do quadro-negro


Estudos e diagnósticos sócio-econômicos e ambientais são outras opções da carreira. Salários podem ir R$ 4 mil a R$ 6,1 mil

O mercado de trabalho para quem faz geografia pode ser muito mais amplo do que se pensa. De acordo com profissionais da área, a maioria das pessoas associa a geografia às salas de aula, na atuação como professor. No entanto, quem opta por essa profissão pode ir muito além do quadro-negro.
Com cursos distintos, um geógrafo tem no campo de atuação estudos e diagnósticos sócio-ecônomicos e ambientais, planejamento urbano, rural, regional e ambiental, formulação de políticas de gestão do território e ordenamento territorial, cartografia e geoprocessamento. O piso inicial de um profissional fica entre R$ 4 mil e R$ 6,1 mil.
De acordo com o diretor do Instituto de Geociências da Universidade Federal Fluminense (UFF) Reiner Olíbano, a geografia integra conhecimentos científicos de diferentes áreas, capacitando o profissional para a resolução de questões interdisciplinares, o que faz com que o geógrafo esteja inserido em equipes multidisciplinares.

Segundo ele, as áreas ambiental e ordenamento territorial são, atualmente, as que oferecem maior número de empregos aos geógrafos. Reiner destaca que para ser um profissional de sucesso o geógrafo dever ter capacidade de trabalhar de forma interdisciplinar e gostar de trabalhar em campo. É desejável ainda o conhecimento em geotecnologias (integração de informações espacialmente referenciadas).
Os geógrafos atuam em instituições públicas, como institutos de pesquisa, órgãos e empresas municipais, estaduais e federais; na iniciativa privada, como empresas de consultoria, serviços e produção; e organizações não-governamentais.
A demanda pelo profissional de geografia pode ser medida pelo aumento da procura por cursos universitários. O total de formandos na Universidade Federal Fluminense, por exemplo, em 2001 era de 56 alunos, em 2011 esse número pulou para 104 estudantes.
Segundo a professora da Universidade Gama Filho Stella Procópio da Rocha, mestre em Geografia especializada em Geotecnologias, o mercado de trabalho para o geógrafo tem crescido diante da necessidade da participação deste profissional nos estudos que envolvem as questões ambientais nas esferas públicas e particulares.
“A Geografia está em ascensão, em especial por conta da preocupação com o meio ambiente, que é cada vez maior. E a quantidade de cursos de Geografia no ensino universitário também é muito maior do que há alguns anos”, diz.

Profissional deve ter registro no Crea
Para exercer a profissão de geógrafo é preciso ter registro no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea). Um geógrafo possui habilitação para emissão de pareceres técnicos, desde que regularmente associado ao Crea, assim como para a elaboração de um estudo prévio de impacto ambiental e relatório de impacto ambiental, podendo também prestar concursos públicos para quadros estatais que precisem de bacharelados. Os cursos de bacharel têm, em média, a duração de quatro anos.
“A sociedade em geral desconhece a diferença entre um geógrafo e um professor de geografia. A verdade é que a maioria acha que quem fez geografia é professor. Mas as diferenças são grandes, como formação, as leis que as regulamentam, os códigos de éticas e, sobretudo o campo de atuação”, diz o conselheiro da Crea, o geógrafo e professor de geografia Sérgio Velho. 
A formação do profissional de geografia compreende as disciplinas básicas, como cartografia, geologia, estatística, as de formação geográfica agrupadas em dois grandes núcleos: as ligadas às área das humanidades como geografia da população, geografia, urbana e rural; as associadas à área da natureza como: geomorfologia, climatologia, hidrogeografia; e as de instrumentação como: sensoriamento remoto, geoprocessamento, planejamento territorial, planejamento urbano e regional, planejamento ambiental. Quem quiser seguir a carreira de professor paralelamente deve ainda cursar as disciplinas pedagógicas de licenciatura ou mestrado.
Para o pós-doutor em Geografia Glaucio José Marafon, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), após a formação existem muitas oportunidades de ingresso no mercado de trabalho, sobretudo no campo da educação, no entanto, ele destaca que tem crescido a oferta de vagas para os bacharéis.
“A especialização é fundamental para se firmar no mercado de trabalho.  A atualização, a busca da informação e a formação continuada são fundamentais para melhorar o profissional”, indica.
De acordo com especialistas, muitos profissionais acabam optando pelas duas formações, de bacharelado e de licenciatura, para ampliar as oportunidades de trabalho e pela facilidade por já estar na área.
Pedro de Castro, de 25 anos, é um desses profissionais. Ele se formou no ano passado na UFF, no curso de Bacharel em Geografia. Atualmente ele cursa licenciatura e um mestrado em planejamento territorial ambiental e faz parte de um grupo de estudo da instituição. Ele conta que seu objetivo não é dar aula, mas se especializar em geomorfologia, sendo  na área de evolução da paisagem.
“Desde o colégio sempre me interessei pela geografia, apesar de na época ainda não ter muita noção do que realmente é a geografia. No curso de pré-vestibular eu conheci mais a área e me interessei cada vez mais. Ela tem um campo de atuação muito amplo. Além de poder trabalhar em diferentes áreas e em diversas instituições, o profissional pode ser um empreendedor e trabalhar por demanda”, explica.
Para os bacharéis em Geografia, com registro no conselho da classe, há concursos com salário inicial de R$ 2,7 mil. Para o magistério o piso varia de acordo com o estado, prefeitura ou instituição. No País, existem 122 cursos presenciais de bacharelados em geografia e somente um a distância. O número é do cadastro de Instituições de Educação Superior do Ministério da Educação (MEC), referente a 2012.

Fonte:http://www.ofluminense.com.br